5 erros que cometi na liderança de jovens

5 erros que cometi na liderança de jovens
05 maio 2017

Espero encontrar você na mais perfeita paz do nosso Deus! Já conversamos anteriormente a respeito de alguns desafios que encontrei em minha caminhada junto com minha esposa como líderes de uma rede de jovens em Curitiba. No texto de hoje, eu gostaria de compartilhar com você, caríssimo leitor do blog GodAlive, sobre 5 erros que cometi na liderança de jovens ao longo desta jornada para que você que está iniciando neste trabalho não precise errar também.

Tenho visto em alguns lugares a valorização do erro para que se extraiam princípios que ajudem a melhorar na sequência com o objetivo de conseguir chegar mais longe na caminhada. Esta é a razão do presente texto: que ele ajude nossos leitores a ganhar e tempo e aprender com meus equívocos.

“- Como assim Eduardo, você vai comentar sobre seus erros?”, você pode perguntar a si mesmo neste momento.

Eu tenho uma perspectiva positiva sobre o erro pessoal, pois ele nos leva a acertar na sequência. Apenas não erraremos quando não tentarmos fazer nada. Quando colocamos isso na perspectiva de cuidado de pessoas com culturas diferentes e temperamentos divergentes, passaremos por momentos difíceis que podem resultar em erros de nossa parte. Não somos perfeitos e nem tampouco aprimorados no trabalho. Começamos inexperientes, inseguros e com receio. Confiamos em Deus que nos colocou na posição de liderança para que nos ajude nesta caminhada. O mais importante é aprender com seus erros para poder melhorar como líder e como cristão. Estes equívocos ministeriais que compartilho com vocês afetaram a mim somente. Caso existam problemas envolvendo outras pessoas com as quais você tenha cometido falhas, procure-as e peça perdão. Reconhecer o erro é o primeiro passo para uma libertação nos relacionamentos. Vamos conhecer os cinco que escolhi para compartilhar com vocês, mas tenha certeza de que não foram os únicos nem tampouco os últimos, pois a jornada continua! Quando você ler sobre os meus erros, gostaria muito que compartilhasse comigo nos comentários aqueles que você já cometeu em sua caminhada ministerial, este exercício vai ajudar a você, a mim e a todos aqueles que nos acompanharem neste texto!

Você vai perceber que este é um texto mais pessoal que o anterior. Hoje gostaria de bater um papo contigo como se estivéssemos tomando um café e conversando, pode ser? Vamos lá!

1 – Sentir culpa pelos erros de meus liderados

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Comentei rapidamente no texto anterior a respeito da culpa que eu sentia quando liderados faziam escolhas que os levavam a trilhar caminhos tortuosos. Ficava por algum tempo bastante mal pensando em onde foi que eu havia errado no meu trabalho. Imaginava onde eu tinha falhado para que alguém que: andava comigo, ouvia as mensagens, via o exemplo que eu tentava passar, enfim recebia o mesmo alimento que os demais, poderia tomar decisões claramente contrárias à Palavra de Deus e até mesmo sair da igreja para viverem vidas afastadas dos caminhos do Senhor. Queremos que todos aqueles que estiverem conosco sejam cuidados e amados por Deus e pelos irmãos.Porém nenhum de nós por melhor que sejamos em nossa função de liderar podemos sondar o que se passa no coração de quem quer seja. A Palavra nos diz algumas coisas a este respeito:

O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração”.

Lucas 6:45

Quando penso nas pessoas que não consegui manter na igreja nem convencer a deixarem práticas pecaminosas, ainda me entristeço, porém procuro não me culpar pelas escolhas dos outros. Procuro entender cada caso de maneira individual e então tentar fazer algo se estiver ao meu alcance para que a pessoa retorne. Em algumas ocasiões a pessoa precisa passar por um tempo sozinha, para colocar a cabeça no lugar e refletir sobre os rumos que sua vida está tomando. Já vivi alguns casos onde depois de alguns anos fora em outros lugares o jovem retorna para conversar e acaba retornando, pedindo perdão e iniciando seu processo de libertação. Nem todos têm o mesmo tempo de amadurecimento espiritual e precisamos respeitar isto, mesmo que esta não seja esta a nossa vontade ou o nosso plano para aquela pessoa.

Como líderes precisamos orar por aqueles que estão conosco para que, mesmo que estejam longe de nossas vistas, possam ser alcançados pelos braços de amor do Pai.

2 – Subestimar a capacidade dos jovens e adolescentes

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Este erro geralmente custa um alto preço em tempo de desenvolvimento e estruturação da equipe de trabalho do grupo de jovens e acarreta um acréscimo de tarefas que o líder acaba desenvolvendo sozinho. No início do trabalho eu e minha esposa ficamos aguardando que Deus enviasse líderes maduros para nos ajudarem na tarefa de pastorear jovens em nossa igreja. Como Deus nos dava a impressão de que estava “demorando” para enviar o Dream Team do pastoreio de jovens, acabamos fazendo a maior parte das tarefas nos sobrecarregando com atividades que claramente poderiam ser executadas pelos jovens que estavam conosco.

Jovens e adolescentes necessitam de uma sensação primária de pertencimento (Todos nós precisamos disso, certo?) Nada melhor do que distribuir tarefas adequadas à vida da Rede de Jovens para que sintam que este grupo também pertence a eles. Aprender a não esperar pela situação ideal, mas se adaptar à realidade da igreja local foi a grande lição que este equívoco trouxe. Hoje, cerca de 90% de nossa equipe de trabalho é composta pelos jovens Conectados à Fonte como os chamamos. Contamos com alguns casais que nos apoiam no aconselhamento e pastoreio dos jovens, mas enfim entendi que o melhor de Deus já veio para nossas vidas através daqueles que Ele tem colocado ao nosso entorno. Talvez não seja por outra razão que Deus tenha levantado jovens como Samuel, Davi, Jeremias, Daniel, João e tantos outros para transformarem suas gerações.

Eu deveria ter prestado um pouco mais de atenção às pistas que o Senhor colocou em Sua Palavra!

3 – Acreditar que Eventos geram resultados duradouros

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No primeiro ano de nosso trabalho com jovens, fizemos muitos eventos que em minha cabeça tinham o objetivo de trazer jovens que não conheciam a Cristo como Senhor e Salvador para que tivessem um Encontro com Ele. Realmente os Eventos traziam muitos visitantes que vinham por causa da novidade e da curiosidade de assistir a um filme na igreja, para uma noite do chocolate ou uma noite na roça. Era gratificante ver a igreja cheia de jovens nestes eventos, porém na semana seguinte retornávamos aos números anteriores aos eventos e não víamos mais os visitantes. Depois de perceber estes resultados, paramos com os eventos e trabalhamos a questão da responsabilidade do evangelismo na vida de cada jovem de nossa igreja. Para tanto, a liderança de toda a igreja do Evangelho Quadrangular em Curitiba, no bairro Tingui, da qual fazemos parte, iniciou o trabalho em células onde nossos jovens começaram a assumir células como líderes e líderes em treinamento e trabalhar com evangelismo urbano. Agora realizamos eventos com o objetivo de atrair visitantes das células para a vida a igreja. Temos visto este público retornar após este contato de amor e cuidado partindo de cada membro da Rede de jovens Conectados à Fonte. Quando os membros entendem que tudo o que fazemos gira em torno de ganhar almas para o Reino de Deus, eles transformam-se em poderosos agentes de evangelização.

Esta mudança de mentalidade é um processo que pode demorar mais ou menos dependendo do grau de entendimento sobre o papel da igreja local no Reino de Deus. Muitas vezes em nossa ânsia de cuidar e manter nossos liderados em segurança em um mundo cada vez mais complicado e perigoso, transformamos de maneira não intencional hospitais em shopping centers. A igreja que antes era um lugar para pessoas doentes serem curadas para resgatarem mais pessoas doentes, se transforma em um lugar de entretenimento onde passamos o tempo todo preocupados em como fornecer algo interessante que os mantenha dentro das paredes de nossas igrejas. Hoje consigo enxergar o erro, mesmo que bem intencionado, que cometemos. A Palavra e a Presença de Deus foram, ainda são e sempre serão os melhores alimentos que você pode trazer para sua igreja! Todas as outras ferramentas ou estratégias são coadjuvantes neste processo. É fundamental que coloquemos cada coisa em seu devido lugar para não cometermos excessos que gerem cristãos rasos e imaturos no futuro.

O Salmo 119 nos traz 176 razões para priorizarmos a Palavra de Deus em nossas vidas e na vida de nossos liderados!

4 – Tentar copiar estratégias que estão funcionando em outros lugares

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Este erro pode ser considerado um verdadeiro clássico dos equívocos eclesiásticos, não apenas em grupos de jovens. Sempre participamos de diversos Congressos e Palestras em todo o Brasil com líderes que possuem números estatísticos impressionantes. O problema destes eventos era o nosso retorno na Congregação Local quando tentamos implementar a mesma estratégia na “íntegra”. O primeiro problema que este erro resulta é a frustração. Ouvimos o testemunho de líderes de Mega Igrejas com milhares e milhares de membros, milhares de jovens e adolescentes e como eles fizeram para alcançar seus louváveis resultados. O que ninguém nos havia contado é que nem todos os pastores terão milhares de membros com 10 cultos por domingo. O sucesso ministerial não deve estar estritamente relacionado aos números, mas principalmente na mudança de mentalidade e envolvimento dos membros com a igreja local de maneira mais prática e o Reino de Deus de maneira mais ampla. Os números serão consequência direta desta transformação na vida de cada uma das ovelhas.

Aprendi que as estratégias que Deus deu a outros ministérios são excelentes para nos tirar da nossa (vou usar a frase que está na moda no meio evangélico) zona de conforto e nos desafiar a ir além do que temos feito. Em algumas ocasiões, as atividades rotineiras nos envolvem de tal maneira que fica difícil vislumbrar algo além do que já fazemos. Estas oportunidades nos ajudam a olharmos para além de nossa congregação e membros. O cuidado que devemos ter é entender a nossa realidade cultural e regional para que não venhamos a nos frustrar por não alcançarmos 50 mil jovens em nossos cultos. Determinadas regiões do país por razões até mesmo demográficas não alcançarão números estratosféricos, porém nem por isso o ministério terá uma eficácia inferior.

A grande lição que aprendi com relação a isto é que existe uma diferença gritante entre se apropriar de estratégias bem sucedidas e buscar em Deus a melhor estratégia ou ferramenta para a SUA realidade. Ele sabe melhor que qualquer mentor ou coach o que você deve fazer para que a igreja que Ele delegou a você cresça!

Esta é a diferença entre ser uma voz ou apenas um eco distante!

5 – Não confrontar o pecado por temer que membros saiam da igreja

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Sempre fui alguém introvertido. Aquele tipo de pessoa que move céus e terra para não precisar ficar desconfortável com ninguém. Sempre busquei “ficar na minha” e não incomodar ninguém ao mesmo tempo em que não gostava que ninguém me incomodasse. Toda minha estrutura e estilo de vida simplesmente viraram pó na medida em que a liderança de jovens simplesmente me impelia a debater e conversar com outras pessoas a respeito de posturas e posicionamentos que estavam contrários à Palavra de Deus. Isso foi simplesmente desesperador no início do trabalho! Deixei esta dificuldade por último porque ainda hoje trabalho para conseguir exercer o papel de líder da maneira correta.

Sempre fui um excelente diplomata nos relacionamentos na igreja, porém o que o Senhor deseja é que sejamos Pais desta geração! Existe uma diferença enorme entre estas duas imagens. Eu confesso que comecei a entender melhor a necessidade de exortar em amor a partir do momento em que me tornei pai do pequeno Joshua. Até então era muito mais cômodo evitar conflitos para ficar com uma boa imagem perante os liderados. Porém este posicionamento não ajuda no crescimento daqueles que estão com a gente. Um pai exorta e corrige porque ama. Não fazer isso é sinal de que não nos importamos com o destino e com as consequências das atitudes daqueles que estão conosco.

Uma boa reputação não pode ser construída sobre vidas que, devido ao engano e erro possam se perder por nosso receio ou medo da reação. Claro que tudo deve ser feito debaixo de muita oração, carinho e amor pastoral. Porém a Bíblia nos deixa inúmeros exemplos da necessidade deste papel:

Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso.

Jó 5:17

Discipline seu filho, e este lhe dará paz; trará grande prazer à sua alma.

Provérbios 29:17

Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão.

Provérbios 3:11

Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade.

2 Timóteo 2:25

lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados. Tiago 5:20
Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados. 1 Pedro 4:8

Em algumas ocasiões podemos pressupor que aqueles que nos ouvem já sabem muitas coisas que sabemos e isto é um perigo. Se a igreja é saudável, novos membros estão constantemente entrando para os quadros e departamentos da igreja, então é preciso renovar e pregar os princípios da Palavra constantemente para que a igreja possa crescer de maneira sadia. No que se refere a jovens e adolescentes, é importante não abordar o pecado como um termo genérico, quase metafísico, encaixotando tudo como “pecado”. Eles tem nomes que muitas vezes não queremos dizer mas que é preciso. Fornicação, Sexo antes do casamento, masturbação, pornografia, mentira, desobediência em casa, ódio, inveja, luxúria, traição, entre tantos outros, devem ser explicados pelos pastores e líderes para que não existam dúvidas com relação ao comportamento de um cristão bíblico.

Estas medidas garantem que eles não pequem? De maneira nenhuma, porém ajudam a estabelecer alguns alvos e esclarecer o papel que devemos exercer na sociedade na qual estamos inseridos através da influência de uma conduta santa em meio a um mundo decadente.

Espero que você tenha aproveitado este tempo de leitura e agora, nós do blog, gostaríamos de ouvir a respeito de sua experiência na liderança! Temos crescido a cada dia e aprendido com os erros. Que todos possamos orar pedindo a Deus corações ensináveis e livre de amargura para recebermos a disciplina quando precisarmos.

Um grande abraços a todos!

 

Pastor Eduardo Medeiros

O ilustre Pastor Dr. Eduardo Medeiros, é doutor em história medieval pela UFPR e especialista em Teologia Bíblica pela Mackenzie – SP. Ele atua como professor e escritor de teologia em diferentes disciplinas, além de ser Pastor da IEQ em Curitiba desde 2011. O Pastor Eduardo é especialista na liderança de jovens e adolescentes cristãos e está envolvido no mundo digital com projetos super interessantes voltados para o público digital jovem como o Parábolas Geek, que é um projeto que cria devocionais e mensagens com princípios do Reino de Deus utilizando personagens de filmes, séries de TV e histórias em quadrinhos e o Conectados à Fonte , que é uma rede de Jovens da Igreja do Evangelho Quadrangular em Curitibano no bairro Tingui, liderado por ele e sua esposa desde 2011. O Pastor Eduardo é casado com a Meiry desde 2003, e papai do fofura Joshua, nascido em 2014.

Pastor Eduardo Medeiros

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